Segunda-feira, 22/08/2011
Família e escola: experiência da E.M. José Lins do Rego 3ª CRE
Que a vida moderna é corrida e que temos muitos afazeres, todos sabemos. Que alguns deles acabam sendo negligenciados pela nossa falta de tempo, também é da ciência de todos. A questão sempre é de prioridade. O que é mais importante e não pode ser deixado para depois?
Durante o 2º Conselho de Classe/2011 da E.M. José Lins do Rego, os responsáveis presentes (representantes das turmas) ouviram as constatações feitas pelos professores. Independente do ano de escolaridade, a dificuldade de apoio das famílias no cotidiano escolar das crianças era uma das angústias dos docentes. A pergunta então surgiu: O que fazer para mudar esta situação?
Os responsáveis mostraram interesse em ajudar e o debate sobre o assunto cresceu. Se as mães presentes, com as mesmas dificuldades que as outras, conseguiam participar do desenvolvimento dos filhos, estas poderiam mostrar suas experiências e procurar meios de ajudar outros responsáveis a fazer o mesmo.
Aqui, precisamos revisitar um pouco a teoria. Segundo Vigostsky,
" ... é na interação com outros sujeitos que formas de pensar são construídas por meio da apropriação do saber da comunidade em que está inserido o sujeito.(...)
Todo e qualquer processo de aprendizagem é ensino-aprendizagem, incluindo aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre eles. Ele explica esta conexão entre desenvolvimento e aprendizagem através da zona de desenvolvimento proximal (distância entre os níveis de desenvolvimento potencial e nível de desenvolvimento real), um “espaço dinâmico” entre os problemas que uma criança pode resolver sozinha (nível de desenvolvimento real) e os que deverá resolver com a ajuda de outro sujeito mais capaz no momento, para, em seguida, chegar a dominá-los por si mesma (nível de desenvolvimento potencial)."
Fonte: Algumas Reflexões sobre o Ensino Mediado por Computadores
Cíntia Maria Basso
http://www.ufsm.br/lec/02_00/Cintia-L&C4.htm
Esta teoria pode ser ampliada a todo tipo de conhecimento a ser adquirido e não pode ser restrita somente às crianças, posto que somos e seremos sempre aprendizes.
Com esta intenção foi criado o CORED, Comissão de Responsáveis pela Educação, nome que resume bem o objetivo do grupo: auxiliar os pais e as mães na responsabilidade que é educar, através da troca de experiências bem sucedidas dentro de cada família.
Segundo a coordenadora pedagógica da escola Telma Iff, num trabalho parecido com as igrejas, que fazem evangelização, os membros desta comissão fazem uma espécie de "educalização" com a comunidade, dentro e fora da escola, sendo responsáveis até por ir às casas dos pais com os quais a escola não consegue contato.
O grupo é composto por um pai e 11 mães, sendo uma ex-aluna da escola, que é filha de outra integrante do grupo. O pai é corretor e, entre as mães, encontramos auxiliar de creche (rede privada), doméstica, auxiliar de serviços gerais, recepcionista, vendedora e do lar. Ou seja, são pessoas interessadas na educação de seus filhos apesar das dificuldades do cotidiano. Cada um utiliza o tempo de acordo com suas possibilidades, usando estratégias e driblando as dificuldades.
Membros da CORED falam na reunião de pais.
Eles já tiveram duas reuniões internas este mês e contam com a orientação da diretora Márcia Caetano e da coordenadora Telma Iff.
A Reunião do dia 06/08 deu espaço para mostrar que os integrantes do CORED apresentam os mesmos problemas da maioria: trabalham, têm muitos filhos, não têm a figura paterna ou materna presente, dificuldades financeiras, falta de tempo etc., e, mesmo assim, conseguem driblar os obstáculos em prol do desenvolvimento do filho, que deve estar sempre em primeiro lugar.
Interação social com o par mais capaz aumenta o conhecimento.
Os responsáveis presentes foram instigados a pensar no seu papel de pai/mãe e demonstraram boa aceitação ao grupo. Uma das mães se expressa muito bem e expôs sua superação com os filhos de forma emocionante, mostrando como a escola foi importante nesse processo.
Uma das experiências interessantes citada foi a de estabelecer em casa o dia da família. Um dia por semana, geralmente 4ª feira, a família se reúne em torno de jogos de tabuleiro ou adedanha que servem, ao mesmo tempo, de diversão e união dos membros da família.
A linguagem aproxima e permite a interação.
O sucesso na apresentação da Comissão durante a reunião dos responsáveis (eles foram ovacionados) fortaleceu o grupo que continuará atuando na consolidação da parceria FAMÍLIA & ESCOLA. Apesar de ser um projeto novo, as expectativas são grandes na esperança de bons resultados. Esperamos que esses pais e mães, verdadeiros responsáveis, continuem com pique total, pois toda a comunidade escolar colherá os frutos de tal iniciativa.
Texto (adaptado e ampliado) e imagens cedidas por Telma Iff